Outra forma de introduzir o tema LGBTI+ na sua escola ou sala de aula é conhecer a sua própria língua.
Pense um momento na linguagem que utiliza.
A língua portuguesa dispõe de género nos nomes, pronomes e artigos, assim como em parte dos adjetivos, e como o género gramatical é praticamente binário (masculino e feminino), enquanto as identidades e expressões de género são múltiplas, como refletem o género natural (que, por sua vez, vai além do binário), as possibilidades de colisão são ainda maiores do que noutros idiomas, como o inglês, onde o problema geralmente se concentra nos pronomes.
No entanto, como pronomes, artigos e adjetivos funcionam como substitutos, determinando ou qualificando o nome ou o substantivo, pode dizer-se que o problema de género no idioma português se concentra particularmente nestes dois últimos.
Além do binarismo presente na linguagem, a nossa é também uma linguagem onde predominam os plurais masculinos que são usados para criar aquilo que seria a neutralidade do plural. Por, quando se fala numa classe profissional usamos sempre o plural masculino (os medicos, os professors, os advogados etc.) Esta é mais uma das formas em que a nossa língua é uma língua excludente e não inclusiva.
Assim que perceber como a sua própria linguagem é tendenciosa, está na altura de encontrar alternativas. Em vez de “Olá, meninos”, ou “Oiçam, meninos e meninas” que pode usar para dar as boas-vindas, pode utilizar em vez disso alternativas neutras como: “Pessoal, oiçam”.
Tenha atenção, especificamente, à linguagem que enquadra o género de forma negativa ou que perpetua estereótipos de género, como “Corres como uma menina” ou “Os rapazes não choram”.