Uso inclusivo da linguagem

Exercício: linguagem inclusiva no local de trabalho.

O João é jardineiro há 15 anos. Ele assumiu-se como homem trans há alguns meses. Quando o João se encontra com uma pessoa cliente com a qual trabalhou no ano passado, explica-lhe a situação. A pessoa cliente reage de maneira muito positiva. Pouco tempo depois, o João ouve esse cliente a falar com os seus colegas acerca dele. O cliente diz: “Eu acho muito bem que ela tenha tomado essa decisão. Com certeza terá sido um intenso processo para ela.”

Apesar da reação calorosa da pessoa cliente, o João não se sente bem. Quando a pessoa cliente fala com colegas do João sobre ele, refere-se ao João como “ela”. Ao mencionar o João como mulher, a pessoa cliente (inconscientemente) rejeita a identidade de género do João.

Sugestões de uso de linguagem inclusiva e de género-neutro

  • Use “cônjuge” em vez de “marido” ou “mulher”.
  • Use “familiar” ou “figura parental” em vez de “mãe” ou “pai”.
  • Apenas questione o género da pessoa se for estritamente necessário.
  • Adicione a formulários uma terceira opção, tal como “outro” ou “x” quando questionar o sexo ou identidade de género.
  • Facilite a mudança do nome próprio e marcador legal de sexo nos documentos.
  • Garanta que a pessoa trabalhadora possa ir alterando os seus dados (ou requerer essas alterações).
  • Use uma abordagem neutra em emails e cartas. Por exemplo “Boa tarde” ou “Olá Pedro Matos” ou até mesmo “Queride cliente”, ao invés de “Caro Senhor” ou “Caro Sr. Matos”.
  • Dirija-se a pessoas diretamente por escrito usando sem usar pronomes ou usando a terceira pessoa do plural. Evite usar os pronomes “ele”, “ela” ou “ele/ela” se não sabe como a pessoa destinatária se identifica.
  • Procure usar um número equilibrado de imagens de diferentes homens e mulheres para diferentes áreas de interesse.
  • Use títulos de género-neutro para descrever funções (ex: profissional de obstetrícia em vez de parteira).
  • Descreva competências como comportamentos, ao invés de traços de personalidade baseados no género.
  • Use iconografia de género neutro.

No video que visualizámos estavam exemplos de deadnaming e misgendering.

  • Deadnaming: uso continuado do nome pré-transição, consciente ou inconscientemente.
  • Misgendering: referir-se a alguém usando o pronome errado.

O dead naming e misgendering não ocorrem sempre de forma maliciosa ou intencional. Contudo, quando acontece é importante realçálo e chamar à atenção da pessoa para o facto de que normalmente é muito ofensivo referir-se a alguém de uma forma com a qual a pessoa em questão não se identifica. Assim, podem instruir-se e responder de forma mais adequada numa outra eventualidade.

Exercício de reflexão: João, homem trans

Num exercício anterior, falámos do João, que se assumiu meses antes como homem trans.
Enquanto empresa, o que faria para apoiar o João da melhor forma?
Considere as seguintes opções:

  • Na sua empresa existem procedimentos pensados para que as pessoas trabalhadoras possam alterar a forma como se identificam e como as restantes pessoas trabalhadoras as percecionam?
  • Existem instalações inclusivas no local de trabalho?
  • Como é que a sua empresa apoia pessoas trabalhadoras em processo de afirmação de género?
  • Uma pessoa trans tem a possibilidade de contactar alguma pessoa conselheira confidencial para debater a forma como vai comunicar a sua transição à gerência e/ou a colegas? As pessoas conselheiras confidenciais foram treinados para lidar com este tipo de questões?

Instalações inclusivas: como por exemplo, instalações sanitárias
Aqui está um exemplo de instalações sanitárias e iconografia inclusivas.

O que torna esta instalação sanitária inclusiva?

  • Há uma entrada para todas as instalações sanitárias.
  • As latrinas têm um ícone de sanita (ao invés de ícones de homem ou mulher) e os urinóis têm um ícone de um urinol (ao invés de ícone de homem).
  • Todas as instalações sanitárias, incluindo
  • os urinóis, estão fechadas.
  • A instalação está equipada com uma mesa muda-fraldas, para que qualquer pessoa possa mudar as fraldas de bebés com facilidade e sem embaraço.
  • Há ainda uma instalação sanitária para crianças e uma instalação sanitária para pessoas com deficiência no mesmo espaço.